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sexta-feira, setembro 10, 2010

Fenómeno da Mousse de Chocolate Instantânea



Gosto de mousse de chocolate. É como uma overdose de chocolate, perfeita para chocolatras como eu. Não é algo que coma sempre mas, às vezes, uma taça de mousse de chocolate é tudo o que preciso para melhorar o meu dia. Caseira então… Do melhor.

Por outro lado, a instantânea… Não é que seja má simplesmente… Não é igual. A satisfação com que a como não é a mesma, entendem? É doce e mata por algum tempo o meu desejo por chocolate mas não me aquece por dentro, não me faz suspirar de olhos fechados, de prazer por saciar a minha gula. É doce, só. Não é sublime. É pouco consistente. Eu gosto da mousse durinha, daquelas que a colher quase se segura em pé, sem esforço. Infelizmente, a instantânea é tão rápida de ser feita que se vulgarizou pelos restaurantes e até na casa de muitas famílias.

Incrivelmente, comparo-a aos amigos, naquilo a que chamo “Fenómeno da Mousse de Chocolate Instantânea”. Os amigos instantâneos também se vulgarizaram. Faz-me, e sempre fez, imensa confusão ver a facilidade com que as pessoas fazem amigos, ou melhor, a facilidade com que as pessoas denominam os outros de amigos. Conhecem-se num dia, casualmente, e no outro dia já não se largam mais, parecem não poder respirar um sem o outro, agem como se fossem os melhores amigos do mundo, como se uma amizade forte, verdadeira, se construísse numa noite. Andam aos abraços a torto e a direito, mandam mensagens a dizer "amt" (amo-te) e gmt (gosto muito de ti), e-mails sobre como a amizade que os une é bonita e verdadeira e todas essas lamechices que a mim me parecem uma bela treta. Não distinguem entre conhecidos, colegas, amigos… Enfiam tudo no mesmo saco, como se fosse tudo a mesma coisa.

Uma amizade não se constrói num serão apenas por termos simpatizado com a pessoa ou por termos tido uma conversa interessante. Assim como uma boa mousse de chocolate caseira não se faz em 5 minutos.

A facilidade com que as pessoas dizem “És o meu melhor amigo!” a alguém que conheceram à meia dúzia de dias assusta-me. É uma mentira! É falso, é supérfluo. Faz a palavra amizade perder valor, significado, banalizar-se. Não acredito nestas amizades instantâneas. Um melhor amigo é um confidente, alguém que nos respeita, que está ali nos bons e maus momentos, que diz o que pensa, que nos ajuda a crescer como pessoas. E isto não se consegue num abrir e fechar de olhos.

Parem bem para pensar se aqueles amigos que estão sempre dispostos para sair connosco e nos divertirmos serão assim tão amigos. E quando vocês, por algum motivo, não puderem sair? E quando vocês não quiserem se divertirem, apenas abraçar alguém e chorar todas as mágoas, desabafar sobre aquilo que vos aflige? Será que ele estará lá também, abdicando daquela saída super divertida?

Há pessoas que vivem a vida toda e só tem um único verdadeiro amigo. E contudo, hoje em dia, há quem acredite ter tantos amigos que nem é possível conta-los pelos dedos das mãos. Abram os olhos.


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