.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Qual o filme da tua vida?

Harry Potter. Harry Potter. Sempre Harry Potter. Sem pensar duas vezes, sem dúvidas, sem reflexões. Os livros são absurdamente melhores que os filmes e os filmes não são nenhuma obra de arte cinematográfica. Mas deram vida a uma fantástica série de livros. Ver reproduzido numa tela gigante todos as cenas que até aí só ganhavam vida na nossa imaginação foi uma sensação indescritível. As personagens ganharam um rosto e acompanhamos o seu crescimento ao longo dos filmes. Afeiçoamo-nos aos actores, numa mistura de admiração e gratidão por terem interpretado os nossos personagens favoritos. E é impossível um verdadeiro fã de Harry Potter não sentir um aperto no peito agora que está tão perto do final.



sábado, novembro 13, 2010

Vida de sapateira

Sei que estou num dia particular sensível quando, na peixaria do intermarché, me vêem as lágrimas aos olhos enquanto observo as sapateiras. Olho para elas, no gelo, a mexerem as suas pinças e patinhas - ou seja lá qual for o nome que se dá aos membros destes seres - e a olharem para mim. Um olhar de suplica, desesperado, um pedido de socorro silencioso. Penso como a vida é cruel para elas: são retiradas do seu habitat vivas e vivas tem que percorrer uma longa viagem até à peixaria a que estão destinadas, para então ficarem no gelo enquanto esperam que alguém as escolha. E quando acontece, mal sabem elas que vão ser cozidas vivas. E quanto mais penso, mais triste e com pena das sapateiras fico, assim como dos caranguejos e todos esses seres de carapaça que passam por tal tortura. E quanto mais triste fico, mais estúpida me sinto por estar a ponto de me tornar uma defensora dos direitos das sapateiras e companhia.

E então, a funcionária da peixaria, com uma enorme sapateira na mão, repara no meu olhar e, provavelmente a pensar que eu estava preocupada por ela ter aquele bicho na mão, explica com um grande sorriso: Elas não mordem, são meiguinhas! Os caranguejos esses, são uns trastes, não perdem uma oportunidade para usar as pinças.

Ainda me senti pior por umas sapateiras tão simpáticas terem tão triste fim. E enchi-me de orgulho dos caranguejos que dão luta até ao fim - e juro que eu ser do signo caranguejo não teve influência nenhuma no meu orgulho! Ocorreu-me o pensamento de comprar todas as sapateiras e depois devolve-las à liberdade, num gesto simbólico digno de registo.

Mas depois lá voltei à realidade, fugi ao olhar aflito das sapateiras e fui fazer o resto das comprinhas.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Carpe Diem

Estava aqui a pensar em retomar o desafio, abandonado já há uns dias por puro desleixo meu. Admito. O segundo dia do desafio é sobre "o filme da minha vida". E eu já estava com os dedinhos prontos para fazer um texto sobre Harry Potter, essa saga fantástica que acompanho desde os meus 10 anos, que tanto me fez sonhar e tanta coisa boa me proporcionou.

Mas não pude. Não pude porque, quando comecei a pensar sobre os filmes, sobre a influência que Harry Potter teve na minha vida, lembrei-me dela. Alessandra ou simplesmente leka. E então lembrei-me em como ela não veria o final de Harry Potter nos cinemas e esse pequeno detalhe, desencadeou uma corrente de emoções tal que perdi qualquer ânimo para escrever sobre a minha paixão sobre Harry Potter.

Leka foi só uma das muitas pessoas que conheci graças a Harry Potter. Aos 13 anos comecei a participar num fórum de Harry Potter onde milhares de fãs se reuniam para discutir os livros, comentar sobre os filmes ou falar sobre qualquer outra banalidade. Lá fiz amigos. Muitos. Alguns perderam-se com o passar dos anos. Outros, poucos, ainda persistem e mantenho contacto apesar de já não participar do tal fórum. A Leka não era uma amiga, não no verdadeiro sentido do termo. Não falávamos muito no msn. Lembro-lhe de falarmos uma ou outra vez sobre alguma coisa sem importância. Mas no fórum, trocávamos várias mensagens. Muitas. Discutíamos, trocávamos opiniões. Sobre tudo. Foi ela que me ensinou os primeiros passos no photoshop. Seguia o blog dela com relativa frequência. Era divertida, simpática, querida. Ainda que não fizesse parte do meu circulo de amigos, gostava dela. A Leka era uma pessoa muito fácil de se gostar.

Foi um choque quando recebi a notícia sobre a sua morte em Maio deste ano. Doeu. Mais do que alguma vez pensei que fosse doer. Senti-me doente, enjoada, com um nó na garganta. Fiquei tão mal disposta que não quis falar com ninguém. Nunca me tinha sentido assim. Estava em choque, sem querer acreditar, tentando processar, tentando ser racional. Nem eu entendia muito bem porque estava tão incomodada. Quer dizer, morrem pessoas todos os dias. Assim que cai na cama, abri a torneira e chorei até ficar cansada. Não conseguia parar de pensar na Leka, na jovem de 20 anos que tinha deixado de viver. Que não ia mais namorar..! Dei por mim a lembrar-me de frases dela, de desejos e sonhos que ela dizia querer concretizar e eu só conseguia pensar que ela tinha partido sem sentir a felicidade, a alegria de os realizar. Pensei nos pais, nos amigos, nos colegas.

Até que por fim, sosseguei. A verdade é que nós, por muito mal que fiquemos com a morte de alguém, estamos vivos e continuamos a viver a nossa vida. Nunca entendi muito bem as pessoas que, perante a morte de alguém, só falam "coitado do marido, da filha, dos pais...", etc, etc. Sempre achei que o coitado era a pessoa que tinha morrido. Os outros, mais tarde ou mais cedo, irão superar. Lembrar-se-ao com mais ou menos frequência do falecido, mas continuarão com a sua vidinha.

Tenho pena da Leka. E logo eu que odeio o sentimento "pena". Lamento que uma pessoa tão boa, com tanto para viver, tenha deixado de o poder fazer quando há tanta gente por aí à solta que, na verdade, não fazia cá falta nenhuma. Acho injusto. É nestas alturas que, apesar de católica, não consigo aceitar. Não me consola nenhuma ideia de paraíso ou algo do tipo. Sinceramente, já nem sei se acredito que tal exista.

Só tenho certeza de uma coisa: os 20 anos de vida de Leka foram vividos intensamente. Aproveitados ao segundo. Se alguém segue o lema "carpe diem", esse alguém é a Leka. Sei que, se eu morresse agora, não tinha nem metade de uma vida tão cheia, tão repleta de momentos. A Leka lembra-me que a vida é curta. Demasiado curta.


"Porque a vida é feita de inspirações…
Sempre."
- último post de leka, no seu blog.

terça-feira, novembro 09, 2010

Vale a pena pensar nisto

"Era uma vez, no antigo país das fábulas, uma família em que havia um pai, uma mãe, um avô que era pai do pai e aquela já mencionada criança de oito anos, um rapazinho. Ora sucedia que o avô já tinha muita idade, por isso tremiam-lhe as mãos e deixava cair a comida da boca quando estavam à mesa, o que causava uma grande irritação ao filho e à nora, sempre a dizerem-lhe que tivesse cuidado com o que fazia, mas o pobre velho, por mais que quisesse, não conseguia conter as tremuras, pior ainda se lhe ralhavam, e o resultado era estar sempre a sujar a toalha ou a deixar cair comida ao chão, para já não falar do guardanapo que lhe atavam ao pescoço e que era preciso mudar-lhe três vezes ao dia, ao almoço, ao jantar e à ceia. Estavam as coisas neste pé e sem nenhuma expectativa de melhora quando o filho resolveu acabar com a desagradável situação. Apareceu em casa com uma tigela de madeira e disse ao pai, A partir de hoje passará a comer aqui, senta-se na soleira da porta porque é mais fácil limpar e assim já a sua nora não terá de preocupar-se com tantas toalhas e tantos guardanapos sujos. E assim foi. Almoço, jantar e ceia, o velho sentado sozinho na soleira da porta, levando a comida à boca conforme lhe era possível, metade perdia-se pelo caminho, uma parte da outra metade escorria-lhe pelo queixo abaixo, não era muito que lhe descia finalmente pelo que o vulgo chama o canal da sopa. Ao neto parecia não lhe importar o feio tratamento que estavam a dar ao avô, olhava-o, depois olhava o pai e a mãe, e continuava a comer como se não tivesse nada que ver com o caso. Até que uma tarde, ao regressar do trabalho, o pai viu o filho a trabalhar com uma navalha um pedaço de madeira e julgou que, como era normal e corrente nessas épocas remotas, estivesse a construir um brinquedo por suas próprias mãos. No dia seguinte, porém, deu-se conta de que não se tratava de um carrinho, pelo menos não via sítio onde se lhe pudessem encaixar umas rodas, e então perguntou, Que estás a fazer. O rapaz fingiu que não tinha ouvido e continuou a escavar na madeira com a ponta da navalha, isto passou-se no tempo em que os pais eram menos assustadiços e não corriam a tirar das mãos dos filhos um instrumento de tanta utilidade para a fabricação de brinquedos. Não ouviste, que estás a fazer com esse pau, tornou o pai a perguntar, e o filho, sem levantar a vista da operação, respondeu, Estou a fazer uma tigela para quando o pai for velho e lhe tremerem as mãos, para quando o mandarem comer na soleira da porta, como fizeram com o avô. Foram palavras santas. Caíram as escamas dos olhos do pai, viu a verdade e a sua luz, e no mesmo instante foi pedir perdão ao progenitor e quando chegou a hora da ceia por suas próprias mãos o ajudou a sentar-se na cadeira, por suas próprias mãos lhe levou a colher à boca, por suas próprias mãos lhe limpou suavemente o queixo, porque ainda o podia fazer e o seu querido pai já não."

As Intermitências da Morte, José Saramago

quarta-feira, novembro 03, 2010

Durante a tua infância, qual o monstro que vivia debaixo da tua cama?

Provavelmente vou ser uma desilusão completa, mas não havia monstros debaixo da minha cama. Nunca achei que havia algo debaixo da cama que me viesse atacar durante a noite. O meu medo era outro.

Até aos 7 anos, dividi o quarto com a minha irmã, sendo que a nossa cama era um beliche, ficando ela na cama de cima. Não tinha medo de nada em especial. Às vezes acordava assustada por algum pesadelo e lembro-me de choramingar para acordar a minha irmã. Que, sempre simpática, se limitava a dizer que tinha sido só um sonho mau e mandava-me dormir. Uma querida.

Depois trocámos de casa e eu ganhei um quarto só para mim. E não sei se foi por estar numa casa nova ou se foi por passar a dormir sozinha mas comecei a ter medo do escuro. Nos primeiros dias os meus pais deixavam a luz do corredor acesa e a porta do meu quarto ligeiramente aberta. Uma vez que o medo não passou, o meu pai instalou um interruptor especial no meu quarto. Era redondo e dava para regular a luz. Quando estava no mínimo dava uma luzinha muito fraca mas o suficiente para espantar os meus medos nocturnos. Até que cresci, os meus medos passaram e a luz passou a estar desligada. O interruptor avariou quando eu já estava no secundário e até me deixou um pouco nostálgica.

Hoje, em compensação, preciso de dormir na mais completa escuridão. A persiana totalmente fechada (só mesmo se não aguentar de calor é que a abro um pouco) e antes até mesmo a porta fechava. Porém, desde que tenho gatos que adoram dormir comigo e que se a porta estiver fechada fazem uma miadeira que ninguém dorme, deixo-a entreaberta.

terça-feira, novembro 02, 2010

Desafio #2

E ai vem mais um desafio! Este foi criado pelo blog "Espera Só Um Segundo". Vou tentar respeitar o desafio e responder todos os dias a uma pergunta, mas não prometo nada pois às vezes o tempo e a paciência não abundam para estes lados.

Dia 1 - Durante a tua infância, qual o monstro que vivia debaixo da tua cama?
Dia 2 - Qual o filme da tua vida?
Dia 3 - Qual o sonho mais estúpido que já tiveste?
Dia 4 - Quem gostarias de ver da janela do teu quarto?
Dia 5 - O que é que te assusta mais?
Dia 6 - Quais os melhores segundos da vida?
Dia 7 - O que achas que as pessoas dizem de ti?




Não vou passar o desafio a ninguém específico, quem quiser, sinta-se livre para responder :)

segunda-feira, novembro 01, 2010

Feriados ♥

Adoro feriados. Adoro acordar às 11h mas só me levantar da cama às 14h, numa clara demonstração da minha imensa preguiça. Fico enroscada nos lençóis, sonolenta, num estado de semi-consciência, caindo no sono e acordando várias vezes e ali permanecer, sem coragem para me levantar e enfrentar o mundo. A sonhar acordada, a pensar em tudo e em nada.

A verdade é que adoro a ausência de rotinas. Não ter horas para almoçar, nem jantar. Fazê-lo apenas quando tenho fome, se tiver fome. Não precisar de andar a correr de um lado para o outro. Esquecer o relógio. Ignorar as sms, os telefonemas, tudo, porque o dia é só meu. Andar de pijama pela casa o dia todo sem ninguém para nos censurar por isso. Mover-me do sofá para o computador e depois fazer uma viagem até ao frigorífico, até à máquina do café e então voltar para o meu cantinho da preguiça. E ser feliz com isso.

Diga-se de passagem que foi um bom dia. Não no sentido de ser cheio de surpresas positivas e novidades. Não. Foi um dia calmo, estável, talvez entediante para muitas pessoas mas eu gosto. Não sempre. Mas, às vezes, sabe bem estarmos longe do mundo para recuperar energias.

Já agora, ando a ler "As Intermitências da Morte" de José Saramago. Estou a gostar muito. E viva a Biblioteca Municipal que me permite matar a minha sede de leitura sem andar a gastar dinheiro.