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quinta-feira, abril 21, 2011

Coisas de irmãs

Eu e a minha irmã temos exactamente 9 anos e 6 meses de diferença.
Quando olho para trás, para todos os momentos que passámos juntas, fico maravilhada pela forma como a nossa relação evoluiu, mudou e
ainda assim permanecemos unidas.

A minha irmã tomou conta de mim quando eu era bebé e a minha mãe não podia. Deu-me banho, mudou-me as fraldas e cantou canções de embalar para me adormecer. A minha primeira palavra "Olá", foi graças a uma grande insistência dela, que passou toda uma viagem de carro a dizer-me olá, talvez na esperança que eu fosse uma espécie de papagaio. Mas eu já era desmancha prazeres desde pequenina e mantive-me toda a viagem calada. Só quando chegámos ao destino, tendo já a minha irmã desistido de me fazer soltar algum som compreensível, é que decidi dizer olá a toda a gente que passava por mim.

Quando eu era criança e ela estava já na conturbada fase da adolescência, foi a fase mais complicada. É claro que nos adorávamos, mas eu adorava ainda mais arrelia-la. E ela não tinha grande paciência para aturar a pirralha chata. Lembro-me que, uma vez, lhe escondi um papel importante da escola e à noite ela andava a virar a casa toda à procura do papel. E acusava-me de o ter escondido e eu jurava a pés juntos, na altura com 6 anos, que não tinha sido eu. Até que, por fim, lá tirei o papel do esconderijo e deixei-o num lugar mais acessível na secretária dela, e fui refugiar-me nos braços da mamã. Divertia-me a irrita-la mas também receava que ela se irritasse para valer, apesar de ela nunca me ter batido.

Ainda me lembro de quando brincávamos juntas, na cama ou no sofá, a fazer cócegas uma à outra. Ou quando eu tentava expulsa-la da cama e me esforçava para a puxar e a empurrar até ela cair da cama. Nunca fui bem sucedida, claro. Ela fazia-se ainda mais pesada e só se ria quando eu a puxava pelas pernas e a tentava rolar pela cama até ficar sem forças.

Houve uma vez, com uns 5 anos, que a mordi. Primeira e única vez, situação que rende muitas gargalhadas cá em casa e que na altura me rendeu uma palmada do meu pai no rabo. Foi numa fase em que era moda, no infantários, os miúdos andarem à dentada. E eu achei que fazia todo o sentido levar tais práticas canibais para casa e aplica-las à melhor cobaia do mundo: a minha irmã, claro! Era de manhã e ela estava a lavar os dentes quando eu entrei na casa de banho. Foi quando, do nada, lhe agarrei a nádega direita como quem agarra uma sandes ou um Big Mac e lhe dei uma dentada. Assim, sem aviso prévio. Ela gritou, os meus dentes ficaram marcados no rabo dela e o meu rabo tremeu com a palmada que recebeu. E a experiência nunca mais se repetiu. E caso estejam a pensar nisso: não, não ficou nenhuma marca permanente, garanto-vos.

Sou uma Mini praticamente sempre com a resposta na ponta de língua e uma resposta certeira. Devo-o à minha fantástica irmã, que também domina essa arte. Desde miúda que, a discutir ou só a brincar, lhe mandava bocas, inicialmente, ouvidas na escola ou na TV, e mais tarde, elaboradas por mim. E claro, ela respondia-me sempre à letra, e deixava-me sem resposta. Eu ficava a pensar naquilo, a elaborar uma contra-resposta. E uma contra-contra-resposta e assim sucessivamente. Ou usava as brilhantes respostas dela na escola. Era um exercício mental excelente. Adorava! E de repente, as discussões com a minha irmã tornaram-se uma boa fonte de maneiras para calar os idiotas coleguinhas de escola, que me atormentavam por ser mini. Até que, o aprendiz supera o mestre, e comecei a conseguir responder à letra à maninha e deixa-la também sem resposta. Hoje em dia, ainda continuamos a picar-nos mutuamente. Às vezes, ganha ela, outra vezes, ganho eu, mas sempre com fair-play!

Acho que foi na minha adolescência que começamos a tornar-nos mais amigas e não somente irmãs. É claro que não éramos confidentes, a diferença de idades era um impecilho a tal. Mas as discussões tornaram-se pouco frequentes. A relação tornou-se mais harmoniosa e calma. Além disso, quando deixamos de viver juntas, tornou-se uma enorme perda de tempo, gastar o tempo que estávamos juntas a discutir. De repente, eu já não era a pirralha insuportável. Era a irmã mais nova, a pequenina dela, mas começou a levar-me com ela, quando saia com os amigos, a convidar-me para ir passar umas mini-férias em Lisboa, só com ela. E quando entrei para a faculdade, considerou-me minimamente adulta, ao ponto me perguntar pelos namorados ou se precisava de preservativos "porque é melhor estares prevenida para o caso dele não ter...", o que me fazia corar de vergonha por, de repente, estar a ter tal conversa com a minha irmã mais velha.

A verdade, é que faço tudo pela minha irmã e ela por mim. No meu aniversário de 12 anos, ela levou-me ao cinema com uma amiga minha, mesmo tendo que estudar porque ia ter exame uns dias depois. Levou os livros para o centro comercial para estudar enquanto víamos o filme, mas claro, pouco estudou. Mas não se queixou, nem me tentou demover da ida ao cinema. Na minha primeira Queima, quando eu ainda não tinha carta, ela foi comigo a algumas Noites do Parque e, nas outras, foi ela que me foi buscar, quase às 4 da manhã e cheia de sono. Algo que muito espantou os meus colegas e amigos que não achavam normal a minha irmã fazer aquele "frete" por mim, pois os irmãos deles não fariam.

A minha viagem de finalistas foi com a minha irmã. Eu não quis ir para Lloret de Mar. Não fazia o meu género, achei um absurdo o preço, e não me imaginava a ter que aturar a minha turma bêbada. Se nem sóbrios eles são aturáveis, nem queria imaginar bêbados... Portanto, fui a Paris com a minha mana e uma amiga dela. Foi das melhores decisões da minha curta vida.

Depois de quase ter morrido afogada numa piscina, por volta dos 4 anos, eu só entrava na piscina ou no mar com a minha irmã. Era a única pessoa em quem eu confiava. E ela nadava na praia comigo às cavalitas dela, até eu me tornar demasiado pesada para fazer tal coisa. Então, começou a tentar ensinar-me a nadar, depois de vários professores de natação terem falhado pois nem conseguiam que eu entrasse dentro de água. Ainda me lembro, dela no Verão, a tentar ensinar-me a boiar, depois de uma luta intensa para conseguir que a Mini se acalmasse, perdesse o pânico, e parasse de a agarrar como um náufrago a agarrar a sua tábua de salvação. É verdade que não me ensinou a nadar - só aos 15 anos é que reuni estabilidade emocional suficiente e confiança na professora para aprender o imprescindível para me safar - mas, quando relembro a quantidade de vezes que aguentou estar na piscina e no mar, comigo agarrada a ela como uma lapa, admiro-lhe a paciência, a dedicação. Aquilo, meus amigos, era amor puro. Totalmente incondicional. Quando penso nisso vêm-me as lágrimas aos olhos porque acho, que aqueles foram os momentos, em que a minha irmã melhor manifestou como me amava e me protegia a qualquer custo. Sem palavras, ela gravou em mim a certeza de que ela estaria ali, para sempre, para o que desse e viesse. E que não me soltaria nem perante um tsunami.

E ela é "só" minha meia-irmã. Não temos o mesmo pai em comum, mas isso nunca fez diferença entre nós. Nunca influenciou de forma alguma o nosso sentimento. Na verdade, a maior parte do tempo nem me lembro que temos pais diferentes. E enche-me de mágoa e revolta, as pessoas tacanhas que defendem que irmãos filhos do mesmo pai, são irmãos enquanto que os irmãos filhos da mesma mãe, são apenas meio-irmãos. Que há diferença, para além das óbvias (os primeiros terem saído da mesma pilinha e os segundos terem partilhado a mesma barriga), que torna uns mais irmãos que outros. Sinceramente, alguém devia explicar aquela questão dos cromossomas a esta gente: 23 cromossomas de um espermatozóide, 23 cromossomas de um óvulo. Se só tem um progenitor em comum, são meio-irmãos, tenham o pai ou a mãe em comum. Ponto final. E olhem que eu não sou nenhuma especialista em ciências, biologias e afins...

Meia-irmã ou não... É minha. A melhor do mundo. 
O meu role model,
em conjunto com a mamã.

E, ainda que ela não vá ler este texto, nem eu alguma vez lhe tenha dito estas coisinhas bonitas, sei que ela, no fundo, sabe. 
Ou pelo menos, assim espero.

quarta-feira, abril 20, 2011

Relações super-cola 3

A Carolina e o João são namorados, já há uns quatro anos. Vivem juntos, estudam na mesma faculdade. E não vivem um sem o outro. Quando a Carolina tem aulas e o João não, ele sai da caminha mais cedo e acompanha-a à faculdade. Só para lhe fazer companhia. E fica na faculdade, durante 2 ou 3 horas, no bar a tomar café e a ler o jornal enquanto ela está na aula, só para nos curtos intervalos de 15 minutos estarem juntos - isto se os professores decidirem fazer intervalo.

Por outro lado, quando o João tem aulas e a Carolina não, ela vai para casa. E quando vê que a hora da aula já passou, assim como os 15 minutos que ele demoraria no caminho, telefona-lhe, "só para saber onde ele anda e se demora". Faz a mesma coisa quando ele se atrasa na saída do emprego.

Quando ela trabalhava, jantava às vezes com os colegas de trabalho, porque saia às 19h e o João estava a trabalhar.. Isso rendeu várias discussões entre eles, porque ela tinha mais era que estar em casa e não a jantar com gajos que se estavam a atirar a ela.

O João sempre foi muito de sair, ir beber com os amigos. Entretanto, começou a cansar-se dessa vida e fica mais por casa, com a namorada. Mas, muito raramente, recebe amigos em Coimbra, sai com eles, embebeda-se e só chega a casa quase de manhã. E a Carolina fica chateada e discute com ele. Por ele sair, por ele beber, por ele ter chegado tarde a casa e por estar de ressaca no dia seguinte.

Mesmo nas férias a Carolina gosta de acordar cedo. Por volta das 9h da manhã salta da cama, para aproveitar o dia. Aproveita o dia para estudar, fazer limpezas, ir ao supermercado. O João é mais amigo de ficar na cama até às 11. Mas quem disse que pode? Nem pensar. A Carolina não deixa. Assim que salta da cama, dá só mais 30 minutos para o João a seguir, mesmo que o rapaz não tenha nada para fazer. E se ao fim de meia hora continuar na cama, ela chama-o, expulsa-o da cama, faz barulho pela casa toda para ele não dormir mais. Até que por fim ele desiste de dormir, sai da cama, arranja-se e vai tomar um café à rua. E depois volta e fica deitado no sofá a dormitar.

E esta relação existe. O João e a Carolina são meus amigos há quase 3 anos e dia após dia, acompanho o namoro deles, o controle, as discussões e as manias - dele e dela. E não acho normal. Não consigo achar normal namorados que passam 90% do tempo juntos, a respirar o mesmo oxigênio, como se estivessem ligados pelo cordão umbilical. Não acho normal o João ficar chateado por ela ir jantar fora com colegas de trabalho, assim como não acho normal os telefonemas da Carolina ao mínimo atraso e todo o drama por ele ter ido beber uns copos com os amigos. Acho ridículo que, perante um convite meu para uma ida ao cinema, ela diga que em principio sim, mas tem que falar com o João antes, "para ver se ele não se importa de ficar sozinho". A meu ver, há aqui alguma falta de confiança, controle a mais e cola a mais. Se fosse comigo, nunca resultaria. Sentir-me-ia sufocada. Nunca aguentaria alguém a controlar quantas vezes saio ou as horas a que acordo. Eu preciso do meu próprio espaço para, quando me apetecer estar sozinha, não ter que o justificar a ninguém, nem ter que pensar duas vezes em aceitar um convite para sair se me apetece ir. Mas quando me atrevo a dizer alguma coisa, vem logo o mesmo argumento, que falo assim porque não é comigo, que é preciso controlar os namorados, que quando se ama é assim e bla bla bla. E por último, que eu não sei nada da vida. E isto irrita-me. Irrita-me que as mesmas pessoas que me dizem que nem pareço uma miúda de 20 anos, quando lhes convém já sou uma catraia que não sabe nada, quando comparada com eles, que já estão no auge da sabedoria com os seus 25 anos. Consistência no que se diz também é uma coisa muito adulta, sabiam?

É neste ponto que desisto de tentar mostrar o meu ponto de vista. Porque não vale a pena.


segunda-feira, abril 18, 2011

Tea Time #1

Quase uma da manhã, na casa da Mini já quase tudo dorme. A TV está com o volume quase no mínimo, ligada mais por hábito do que por qualquer outra coisa. Os cães dormem e os gatos estão à janela, a ver as vistas, ainda que não ande vivalma na rua. E a Mini o que faz? Bem, a Mini está sentadinha à secretária, pijama vestido, pernas à chinês e a beber o seu chá de menta e eucalipto. Logo ela, que nem é grande fã de chá - coffee girl, not tea! - sentiu hoje uma enorme necessidade de beber uma chávena de chá. E sentia-se tão aventureira que até experimentou um sabor novo. Pôs dois cubos de gelo, o que não impediu que queimasse o lábio. Entretanto, vai bebendo o chá e navegando na net. E repara que sempre que pousa a chávena, há uma mosca irritante que se vai passear perto dela, atrevendo-se até a pousar as suas patinhas nojentas na chávena, esfregando-as como se estivesse prestes a aprontar alguma. Um verdadeiro ultraje!

A Mini fulmina-a com o olhar, tenta afasta-la com gestos enérgicos mas a mosca volta sempre. E nem os sacanas dos gatos estão interessados em caça-la! Irrita-se e tenta matar a mosca, mas tudo o que consegue é fazer uma barulheira monumental, capaz de acordar a casa toda. Mas não se rende. Nem agora, mesmo depois de ter terminado o seu chá, deixa a mosca beber - ou sugar, seja lá o que as moscas fazem - as gotinhas que sobraram. E sim, é só mesmo para ser má e mostrar à mosca que quem manda é ela e pronto. E não se contraria uma Mini durante a madrugada.

Ao escrever este post, cheia de calor por culpa do chá e ainda a travar uma luta silenciosa com a mosca, começa a pensar que, se calhar, o chá estava adulterado e que lhe subiu à cabeça. Que isto de andar às turras com moscas não é coisa de gente normal, e menos normal ainda é escrever sobre isso e tornar o texto público. Portanto, vai-se enfiar na caminha, ver se os efeitos nefastos do chá passam e espera que a mosca não se lembre de a seguir.

Boa noite a todos.
Isto de escrever referindo-me a mim própria na
3ª pessoa, é muito giro. Até me sinto mais interessante.


terça-feira, abril 12, 2011

sad. sadness.

Magoada. Magoada por, numa conversa com os meus 2 melhores amigos, no meio de uma partilha relativamente a algo que me está a incomodar, um deles (J.) decidir ter um daqueles momentos em que a sua sensibilidade é do tamanho de uma ervilha e se pôr a gozar com a situação e com o que eu sentia relativamente a ela. Magoa que depois de eu, já sabendo que ele tem tendência a levar as coisas sempre a brincar, lhe ter mostrado que estava a falar a sério e que não me apetecia brincar com o assunto, ele persista na parvoíce. E no meio da mágoa, que eu sei que vai passar, surge a irritação. Porque eles são um dos meus pontinhos fracos. São duas pessoas em que, certas atitudes protagonizadas por outras pessoas não teriam qualquer importância mas, por serem eles a pratica-las, ganham outros contornos e conseguem arruinar-me totalmente o dia e o bom humor. Fazem-me sentir mal. Pela atitude, pela insensibilidade, por estar a perder tempo chateada com eles - por culpa deles - quando podíamos estar perfeitamente bem, a rir e na palhaçada como sempre. E chateada comigo mesmo por, depois da I. ter tentado falar comigo porque "não te vais embora chateada", eu ter sido bruta com ela, mesmo que o meu lado racional grite que ela só alinhou na brincadeira porque apanhou a situação a meio e não ter podido perceber que a situação não era propicia. "Vocês já não são nenhumas crianças para não perceberem quando estão a magoar alguém, porra!"

Amanhã, depois de umas boas horas de sono, tudo isto provavelmente já vai estar esquecido e vai-me parecer irrelevante. Não sou de ficar a remoer as coisas durante muito tempo até porque não aguento muito tempo chateada com as pessoas que gosto. Quando amanhã os vir, sei que provavelmente já terei posto tudo para trás das costas e vou agir como se nada tivesse acontecido. Mas hoje, sinto-me triste e só me apetece ficar sozinha, enfiadinha na minha cama, com o meu gato a ressonar encostado às minhas pernas.

E não percam tempo a comentar isto, a sério.
É um desabafo sem qualquer interesse e
amanhã vou achar completamente 
ridículo tê-lo publicado aqui.

segunda-feira, abril 11, 2011

Pagar a conta

Há algum tempo que me intriga e me faz alguma confusão algo que, aparentemente, para a maior parte das mulheres é muito evidente e que não causa estranheza nenhuma. Estou a falar daquilo a que a maior parte das mulheres qualifica como cavalheirismo: os homens pagarem a conta do restaurante/café/cinema/whatever.

Poucas são as mulheres que conheço que não acham que os homens não têm o dever de pagar a conta. Defendem que homem que é homem paga a conta, desde um simples café a um jantar completo. Alegam que fica bem, que se conhece um verdadeiro cavalheiro no momento fatídico em que a conta é entregue. Torcem o nariz e há mulheres que nem voltam a sair com o espécime do sexo masculino que se atreveu a dividir a conta. Algumas defendem que só é preciso os homens pagaram no primeiro encontro, outras, mais radicais, reivindicam que os homens devem pagar em todas as saídas. E eu chego à conclusão que ou anda tudo doido ou eu não me encaixo nos requisitos para ser mulher.

Meninas, desculpem lá, mas que grande treta! Porque raio é que o homem, só por ser homem, tem que pagar a conta? Por acaso o dinheiro cai-lhes do céu? É ridículo que a mulher, em pleno século XXI, depois de tanto ter lutado pela sua independência, inclusive económica, emancipação feminina, pela igualdade dos sexos e blablabla, na hora de pagar a conta, defenda estas ideias arcaicas só porque lhe é conveniente. Se ele quer conquistar-me, tem que pagar a conta... Que conquista cara...! E se depois de conquistar ele achar que o produto não compensou o investimento, tem direito a devolução? Não tem, pois não? Então que tal arranjar uma conquista que não inclua levar o pobre coitado à falência? Nem percebo como é que os homens ainda vão na conversa... Comigo, a conta é dividida. Ou então, uma vez paga ele, da próxima pago eu. É uma questão de justiça e de ser coerente. Se a situação fosse inversa, ninguém calava o mulherio a protestar contra tal injustiça.


quarta-feira, abril 06, 2011

Random Thoughts

Às vezes, quando ouço as pessoas a falar sobre o FMI, o modo como falam, o terror  e algumas das expressões - Vem aí o FMI! O FMI vai entrar em Portugal e outras tantas -  que utilizam, faz-me pensar que as pessoas imaginam o FMI como um grande exército, algo tipo Invasões Francesas, que vai varrer o país de Norte a Sul, saquear as nossas casas durante a noite, violar as mulheres e lutar com os homens. E farto-me de rir com a minha imagem mental, ainda que muitos possam achar que não tem piada nenhuma.

Já há muito tempo que digo "Que venha o FMI, antes isso do que o Sócrates a aldrabar-nos a torto e a direito" e meio mundo fica de mal comigo, vejo fumo a sair das orelhas, fazem beicinho, e usam logo o argumento fatal "Mas tu não sabes o que eles fizeram na Irlanda e na Grécia?!". É adorável como o pessoal, quando alguém não partilha as mesmas opiniões, presumem logo que se trata de ignorância, desconhecimento ou alheamento da realidade. É por isso que evito discutir política. E, às vezes, também futebol. As pessoas tendem a ser um bocadinho irracionais e com a mente pouco aberta para outros pontos de vista.

terça-feira, abril 05, 2011

Coisas que me irritam | vol.ii

Blogs sem arquivo.

Quando gosto de um blog e, especialmente, gosto da pessoa que o escreve, gosto de o ler do início ao fim, tal e qual um livro, começando, claro, das mensagens mais antigas, só para a coisa fazer mais sentido. Já o fiz em boa parte dos blogs que sigo e nos que ainda não fiz há dois motivos:
  1. Falta de tempo;
  2. Falta de arquivo no blog.
E agora eu pergunto: custa MUITO pôr a porcaria do arquivo no blog? Custa? Demora uns 5 segundos, no máximo 1 minuto se forem lerdos. A ausência do arquivo é coisa para um blog perder 50 pontos no meu ranking pessoal de blogs, pelo menos. E em dias de mau humor, é até razão para deixar o seguir. Não há nada mais irritante do que eu ter que andar a clicar em "Mensagens mais Antigas" centenas de vezes para chegar ao momento em que o blog começou. Há bloggers que nem para eles são bons: uma pessoa a querer ler o que escrevem e nem isso facilitam. E pior, quando pedimos, POR FAVOR, para adicionar o arquivo ao blog, cagam - desculpem o termo -  no assunto e nem se dignam a nos responder. Uma cambada de parvos, é o que é.

e sim, acabei de encontrar um blog sem arquivo, 
daí a extrema irritação. daqui a pouco já volto ao normal!

sábado, abril 02, 2011

Mimada

Desde que tenho gatos (mais ou menos há 5 anos), comecei a ganhar companhia na hora de dormir. Primeiro foi o Tico, que, quando lhe apetecia, se ia enfiar na minha cama e se deitava o mais longe possível de mim pois, como gato independente que é - ou pensa ser - gosta muito de se fazer de difícil e não tolerava que eu me mexesse nem um bocadinho. Ainda hoje é assim. Se o apanhamos a dormir e lá vamos fazer festas, é preciso que esteja realmente muito dorminhoco para não se pôr a andar e ir procurar o sítio mais sossegado. E eu, com os meus 15/16 anos quando o adoptei e que ainda tinha um sono relativamente intranquilo, habituei-me a mexer-me o menos possível.

Depois veio o Teco, que ao contrário do Tico, é doido por colo. É um mimado do caraças que só me habitua mal. É um gato que, quando chego a casa, depois de uma ausência (seja de algumas horas para um dia ou dois), não pára enquanto não se instala no meu colo, a ronronar e a choramingar, num tom queixoso até adormecer. E dorme apesar de, quando as minhas pernas ficam dormentes por terem quase 7 kilos em cima, eu ir mudando de posição para ficar mais confortável, mas sem ter coragem de o expulsar do colo. Verdade seja dita: adoro que ele seja tão dependente. No dia em que adoptámos, eu tinha dito que gostava de ter um gato que fosse mais "carente" do que o Tico. Que tivesse necessidade de muito colo, miminho e de gente a apaparica-lo. E assim o tive. É egoísta, talvez, mas adoro tê-lo ao colo, acordado ou a dormir, e fazer-lhe festinhas e ouvi-lo gemer e suspirar de satisfação. É a sensação mais tranquilizadora do mundo, mesmo depois de um dia que me tenha corrido mal, muito mal.

O Teco sempre gostou de dormir comigo, principalmente no Inverno. Mas não o fazia de modo contínuo. Fazia-o quando se lembrava, basicamente. De resto, dormia em algum canto da casa que encontrasse ou choramingava durante a noite porque estava tudo a dormir e ninguém lhe ligava nenhuma. Porém, mais ou menos no início do último Inverno, começou a dormir todas as noites comigo. Eu não o chamava, nem o levava para lá. Foi ele, que durante o dia me segue pela casa como se fosse um cão, à noite começou também a fazê-lo. Entrava comigo no quarto, andava por ali a saltitar enquanto eu me preparava para ir dormir e depois deitava-se encostado aos meus joelhos e ficava lá a noite toda. E eu no início estranhei esta mudança, mas estranhei ainda mais quando ele, depois de comer, começava a chorar e a atirar tudo ao chão, coisa que só faz quando está com fome. E quando eu estava deitada no sofá a ver o CSI, lançava-me olhares que transmitiam toda a sua indignação, irritação e aborrecimento e ia até ao sofá dar-me patadas na cara. E eu, burra claro, não entendia porquê. 

Até que uma noite, farta do aturar e depois de já lhe ter mandado dois gritos porque ele tinha atirado duas vezes o conteúdo da mesa ao chão, desisti e fui dormir, irritada e com vontade de dar duas palmadas ao parvo do gato que devia ter perdido o juízo. E ele seguiu-me, claro, subindo a escada em grande velocidade, atravessando-se em frente aos meus pés, e rebolando o seu  rabo gordo à minha frente. E quando me deitei, foi com o sentimento que tinha passado a batata quente, ou melhor, o gato problemático, à minha mãe que ainda estava acordada. Ela que o ature... Ou não. Assim que me deitei e apaguei a luz, ouvi o guizo que ele usa na coleira a aproximar-se da minha cama, cujas molas se queixaram quando ele saltou para cima dela, com as suas patinhas de veludo. Andou em cima da cama, literalmente a apalpar terreno, até que, por fim, com um suspiro se deitou encostado às minhas pernas. E 2 minutos depois estava a ressonar. E eu percebi que o parvo do gato, não era nada parvo e só queria companhia para ir dormir.

E habituei-me a isto. Ao pequeno volume encostado às minhas pernas todas as noites. Habituei-me à minha botija de água quente felina, nos noites mais frias de inverno, quando ele se enfia debaixo dos lençóis - apesar da minha mamãe se fartar de dizer para eu não o deixar - e se encosta à minha barriga todo encolhido, cheio de frio. Depois, conforme aquece, estica-se todo, rebola e apoia a cabeça no meu braço. E, quando os meus amigos dizem que dormir com um gato é sinal de falta de homem, faço ouvidos marcador, porque vozes de burro não chegam ao céu. 

Há duas ou três noites atrás, andava às voltas na cama, há cerca de uma hora, sem conseguir dormir. Estava preocupada com a possibilidade de o meu pai perder o emprego. A minha mente não sossegava, sempre a mil à hora, e eu via os minutos a passarem e comecei também a pensar como é que ia acordar às 8h na manhã seguinte para ir para a faculdade. E de repente, percebi que me faltava algo. O Teco não estava a dormir comigo. O que raio andaria a aprontar aquele gato?

Levantei-me da cama e mesmo descalça, fui pé ante pé à procura dele. Encontrei-o debaixo da mesa da sala, os olhos bem abertos como se já soubesse que eu ia aparecer. O Tico dormia no sofá, já no seu sétimo sono. "Anda daí, mafarrico". Era o convite que o Teco estava à espera. Ao ouvir-me, levantou-se, espreguiçou-se, bocejou e deu pequenos passitos na minha direcção. Peguei-o ao colo e ele encostou a cabeça o meu ombro. Às vezes, tem atitudes, gestos, que mais parece um bebé grande, gordo e extremamente peludo do que um gato. Levei-o para o meu quarto e deitei-o no sítio do costume: lado esquerdo da cama, em cima de uma manta que comprei para ele não me encher o edredom de pêlos, ao lado das minhas pernas. Ele instalou-se logo, deitando-se confortavelmente. Apaguei a luz e ele encostou-se mais a mim. Não demorou 10 minutos até eu adormecer.

Portanto, estou mimada. Mal habituada. Viciada no meu companheiro de sono. E gosto.

Rendi-me

Eu juro que tentei fugir a esta praga chamada sabrinas. Quando virou moda, eu torci o nariz e não havia meio de gostar. Olhava para aquilo e lembrava-me as sabrinas desportivas, aquelas com que fazíamos ginástica, estão a ver quais são? O que mais me incomodava nas sabrinas era como o seu preço estava inflaccionado. Cheguei a ver sabrinas a 50€! Meus amores: a não ser que as sabrinas sejam de OURO, elas não valem isso, OK? Por favor. 

O tempo foi passado, novos modelos foram surgindo e eu, de tanto as ver, deixei de torcer o nariz. Não fiquei apaixonada, longe disso, mas passei do não gostar à mera indiferença. E assim me mantive. Mas desde que começaram os dias primaveris, comecei a comentar que precisava de arranjar uns sapatos rasos, só mesmo para o meu dia-a-dia, casa-faculdade-casa. Por muito que eu adore os saltos altos, no final de um dia inteiro a usa-los, os meus pés já nem parecem pertencer a este mundo. E a alternativa aos saltos altos eram sempre umas sapatilhas, alternativa que não me satisfaz totalmente. 

Uma vez que a indústria do calçado parece só oferecer as sabrinas no quesito "sapatos rasos", passei a andar de olho aberto. Procura um modelo confortável e sobretudo, com um preço em conta, que não me fizesse sentir como se estivesse a ser assaltada. E hoje encontrei-os! 12€! Talvez o preço signifique que não vão durar muito tempo, ou talvez não. Se durarem pouco, é de maneira que não me canso deles. O único contra que pode ser também um pró, é serem castanhos escuros. Contra porque estava mais inclinada para uma cor mais primaveril; pró porque castanho é mais versátil. 

E pronto, terminou o meu post fútil. Espero que não tenha sido muito doloroso...