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terça-feira, janeiro 18, 2011

(a)normalidades

Sempre soube que não sou normal. Foi sempre uma certeza na minha triste vidinha. Foi difícil de aceitar, no inicio. Uma pessoa entra em negação, revolta-se, porque não quer ser esquisita, nem diferente de um modo mau. Mas pronto, por fim lá aceitei. Até podia dar aqui uma de filosofa e dizer que aceitei porque percebi que todos somos um bocado anormais e parvos. Mas não, nada disso. Aceitei porque é mais giro ser anormal. E porque estou me pouco importando com os sussurros mais ou menos audíveis "esta gaja é mesmo anormal" quando faço uma esquisitice, como desatar a rir sozinha na rua, de forma nada discreta e não conseguir parar.

Mas às vezes, muito raramente, fico preocupada. Pergunto-me se não sofrerei de TOC ou algo do tipo. Se a minha esquisitice não terá algum nome médico manhoso e difícil de dizer, que vai tornar toda a minha anormalidade oficial.

Falando em termos mais concretos... O que me passa pela cabeça para ler, durante o banho, os frascos do shampoo, amaciador, gel de banho e todos outros frascos que vão parar à banheira? Pior, qual a ideia de ler os mesmos frascos, de todas às vezes que tomo banho (e que não é assim tão raro, sou uma rapariga que gosta de andar cheirosinha, TÁ!?) ao ponto de já saber o que lá está escrito praticamente de cor? Até já pensei em levar um livro para a banheira, para ver se a pancada me passava, mas acabei por desistir, por medo de isso me fazer AINDA mais esquisita. Quer dizer, eu sei que há pessoas que lêem quando estão na sanita. O meu pai, por exemplo, leva o correio para a casa de banho. Assim, quando lê as contas, dá lhe uma dor de barriga descomunal e pronto, assunto resolvido. Para não falar do simbolismo simpático que é estar na casa de banho com as contas da luz, da água e mais essas desgraças todas que nos enfiam na caixa de correio. Dá todo sentido à frase "estou-me a cagar para isto!"

Eu cá não vou para a casa de banho artilhada com revistas, livros ou qualquer outro material de leitura. Antes fosse. Porque faço coisas piores. Como na semana passada, em que ia a caminhar tranquilamente, depois do meu exame de Finanças, até ao estacionamento onde larguei meu querido carro. E enquanto caminhava, ia recordando a vergonha que passei na entrega dos exames, que deve ter feito os profs pensar que eu tinha algum atraso mental. E ia descontraída, a resmungar com os meus botões, a gesticular, a rir-me e abanar a cabeça perplexa - mas sem deixar de achar piada - por ser tão tolinha quando, ao levantar o olhar para observar a rua deserta, me dou de caras com um homem sentado no carro, a olhar para mim embasbacado e indeciso sobre a possibilidade de chamar uma equipa do Sobral Cid para me colocar numa camisa de forças. Corei, fiquei de todas as cores existentes e por inventar, mas mantive o olhar firme e decidido em algum ponto à minha frente, muito dona do meu pequeno nariz, enquanto acelerava o passo, encafuava-me dentro do carro e saía dali com a dignidade que me restava.

Há cenas que fazemos que são mesmo para esquecer, a sério. Mas eu não, anormal como sou, publico-as no blog para divertimento do pessoal que me lê. Ao menos faço alguém rir. e sentir-se mais normal. Espero eu!

4 comentário(s):

MuxaGata disse...

Ahah, toda a gente é assim.. Pelo menos já foi uma vez na vida, às vezes também lá vou eu a falar sozinha na rua e quando dou por mim tenho alguém a observar-me, QUE VERGONHA! xD Isso de ler os frascos no banho nunca o faço com muita frequência mas lê-los quanto estou na sanita já o faço, lol. é mesmo uma mania. *

sasha disse...

eu leio sempre a caixa de cereais e o pacote de chocolate quando tomo o pequeno-almoço, embora já saiba o que lá diz..
existe quem o faça, ler um livro na banheira, nem me parece mal, comigo é que não pegava, normalmente tomo duche.

Carla Oliveira disse...

Não és assim tão anormal, mini. Eu também leio os frascos dos produtos todos quando estou no banho, faço contas à vida, e tudo mais. Só levo as revistas comigo para passearem até à casa de banho quando estou mesmo bué interessada no que estou a ler e, pronto, lá tenho de ir eu para a casa de banho.

Nos exames, riu-me e falo sozinha. Os profs olham para mim com aquela cara de que eu posso estar a conversar ou cabular mas a verdade é que estou a falar para os meus botões.

E das últimas vezes que andei de metro, fui a linha vermelha toda a rir-me alto e a bom som porque me comecei a lembrar de um vídeo que fiz com a minha melhor amiga, ambas a cantar em altos berros - e mal, diga-se de passagem.

Quando tropeço na rua, viro-me e digo "Oi? Então?!". Estou sozinha (penso eu) e mando vir comigo mesma xD

Portanto, não estás sozinha na anormalidade xD

Jedi Master Atomic disse...

"Foi difícil de aceitar, no inicio. Uma pessoa entra em negação, revolta-se, porque não quer ser esquisita, nem diferente de um modo mau."

Isso é porque na escola toda a gente é "formatada" para ser igual aos outros, de certa forma, perder a sua originalidade. O que acho completamente errado.

Não te preocupes miniatura :P
Isso é apenas um caso ligeiro de autismo. Eu também o tenho :P
Isso é que dá sal às pessoas ;)