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segunda-feira, janeiro 03, 2011

Memórias

É sempre uma emoção quando encontro amigos de infância, perdidos da minha vida já há muito anos, no facebook. Hoje foram logo duas.

Uma delas, foi minha colega nos 3 últimos anos da primária, mas reprovou no 4º e perdi-lhe o rasto. Era a problematemática, porque para ela a matemática era um bicho de 7 de cabeças. Um verdadeiro problema. Tenho uma visão bastante clara dela, à frente do quarto, em cima do estrado, o giz na mão e a expressão triste e confusa enquanto tentava resolver uma conta de subtrair bastante simples. A professora insistia e insistia em conseguir que ela resolvesse o problema mas ela esquecia-se sempre de contar os que vinham de trás e depois o resultado dava-lhe todo mal. Até que a professora desistia, resolvia a conta e mandava-a sentar. Depois do quarto ano, só a voltei a ver no meu 6º ano, quando ela chegou ao 5º. Jogávamos à macaca algumas vezes mas o ano acabou e lá mudei eu de escola outra vez. A verdade é que já não me lembrava dela, mas é daquelas amizades de infância que sabem bem recordar, porque me faz recuar a uma época em que tudo era simples, até mesmo as amizades e as discussões - quando haviam - resolviam-se num abrir e fechar de olhos. Assim que vi a foto dela no facebook reconheci-a logo. Está igualzinha!

A outra, foi minha colega de turma do 7º ao 9º ano. E foi também a minha melhor amiga na maior parte do tempo desses 3 anos. No inicio éramos inseparáveis, mas quando começámos a crescer as coisas começaram a complicar-se. De repente, ela só pensava em namorar e enfiar a língua na boca dos rapazes, coisa que aqui a mini, muito mais tímida e reservada, não estava muito preocupada no momento. Além disso, os meus pais exerciam um controle maior e portanto, eu acabava por ser a amiga responsável e consciente. Continuávamos amigas e era a mim que ela procura quando queria bons conselhos, mas já não era a mesma coisa. Eu não alinhava em todas as suas loucuras e às vezes era um bocadinho desmancha-prazeres nas minhas tentativas de reprimir os seus impulsos adolescentes. Aos 13/14 anos é muito mais divertido dar ouvidos aos amigos que, diante de um abismo, gritam: "salta!" do que os chatos que insistem que não devemos saltar porque certamente nos vamos magoar na queda.

Enfim, com o secundário o contacto e a amizade perdeu-se completamente, o porquê não interessa agora. Mas foi bom encontrar o perfil facebookiano dela, ver as fotos, saber que, apesar dos tropeções pelo caminho, ela conseguiu concretizar minimamente os seus sonhos e depois, ficar pasma e a sentir-me velha ao ver uma foto das pirralhas, as pequenitas irmãs gêmeas dela que agora já são adolescentes todas giraças. E muito provavelmente, mais altas que eu! E o melhor de tudo, é ficar feliz por ela e perceber que, independentemente do passado, não guardo qualquer rancor ou mágoa.

E deu-me para ser sentimental hoje... Deve ser do estudo intensivo.

2 comentário(s):

Mary disse...

Sabes... Inspiraste-me! Depois de ler o teu texto fui procurar uma antiga amiga no facebook! Espero tê-la encontrado... A única pessoa que corresponde ao nome e localidade tem a fotografia de um gato... Pelo sim pelo não, adicionei-a!
Obrigada pela inspiração!
http://amarycanlife.blogspot.com/

Catarina disse...

Por vezes é triste vermos que as pessoas que ja foram mesmo nossas amigas se foram afastando com o tempo. Mais triste ainda é só as vermos no Facebook e através de outras redes sociais. Provavelmente deveríamos estar preparados para tal, dadas as circunstâncias, mas pelo menos eu não consigo ver as coisas assim. Acredito que tu também não. (: