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sábado, abril 02, 2011

Mimada

Desde que tenho gatos (mais ou menos há 5 anos), comecei a ganhar companhia na hora de dormir. Primeiro foi o Tico, que, quando lhe apetecia, se ia enfiar na minha cama e se deitava o mais longe possível de mim pois, como gato independente que é - ou pensa ser - gosta muito de se fazer de difícil e não tolerava que eu me mexesse nem um bocadinho. Ainda hoje é assim. Se o apanhamos a dormir e lá vamos fazer festas, é preciso que esteja realmente muito dorminhoco para não se pôr a andar e ir procurar o sítio mais sossegado. E eu, com os meus 15/16 anos quando o adoptei e que ainda tinha um sono relativamente intranquilo, habituei-me a mexer-me o menos possível.

Depois veio o Teco, que ao contrário do Tico, é doido por colo. É um mimado do caraças que só me habitua mal. É um gato que, quando chego a casa, depois de uma ausência (seja de algumas horas para um dia ou dois), não pára enquanto não se instala no meu colo, a ronronar e a choramingar, num tom queixoso até adormecer. E dorme apesar de, quando as minhas pernas ficam dormentes por terem quase 7 kilos em cima, eu ir mudando de posição para ficar mais confortável, mas sem ter coragem de o expulsar do colo. Verdade seja dita: adoro que ele seja tão dependente. No dia em que adoptámos, eu tinha dito que gostava de ter um gato que fosse mais "carente" do que o Tico. Que tivesse necessidade de muito colo, miminho e de gente a apaparica-lo. E assim o tive. É egoísta, talvez, mas adoro tê-lo ao colo, acordado ou a dormir, e fazer-lhe festinhas e ouvi-lo gemer e suspirar de satisfação. É a sensação mais tranquilizadora do mundo, mesmo depois de um dia que me tenha corrido mal, muito mal.

O Teco sempre gostou de dormir comigo, principalmente no Inverno. Mas não o fazia de modo contínuo. Fazia-o quando se lembrava, basicamente. De resto, dormia em algum canto da casa que encontrasse ou choramingava durante a noite porque estava tudo a dormir e ninguém lhe ligava nenhuma. Porém, mais ou menos no início do último Inverno, começou a dormir todas as noites comigo. Eu não o chamava, nem o levava para lá. Foi ele, que durante o dia me segue pela casa como se fosse um cão, à noite começou também a fazê-lo. Entrava comigo no quarto, andava por ali a saltitar enquanto eu me preparava para ir dormir e depois deitava-se encostado aos meus joelhos e ficava lá a noite toda. E eu no início estranhei esta mudança, mas estranhei ainda mais quando ele, depois de comer, começava a chorar e a atirar tudo ao chão, coisa que só faz quando está com fome. E quando eu estava deitada no sofá a ver o CSI, lançava-me olhares que transmitiam toda a sua indignação, irritação e aborrecimento e ia até ao sofá dar-me patadas na cara. E eu, burra claro, não entendia porquê. 

Até que uma noite, farta do aturar e depois de já lhe ter mandado dois gritos porque ele tinha atirado duas vezes o conteúdo da mesa ao chão, desisti e fui dormir, irritada e com vontade de dar duas palmadas ao parvo do gato que devia ter perdido o juízo. E ele seguiu-me, claro, subindo a escada em grande velocidade, atravessando-se em frente aos meus pés, e rebolando o seu  rabo gordo à minha frente. E quando me deitei, foi com o sentimento que tinha passado a batata quente, ou melhor, o gato problemático, à minha mãe que ainda estava acordada. Ela que o ature... Ou não. Assim que me deitei e apaguei a luz, ouvi o guizo que ele usa na coleira a aproximar-se da minha cama, cujas molas se queixaram quando ele saltou para cima dela, com as suas patinhas de veludo. Andou em cima da cama, literalmente a apalpar terreno, até que, por fim, com um suspiro se deitou encostado às minhas pernas. E 2 minutos depois estava a ressonar. E eu percebi que o parvo do gato, não era nada parvo e só queria companhia para ir dormir.

E habituei-me a isto. Ao pequeno volume encostado às minhas pernas todas as noites. Habituei-me à minha botija de água quente felina, nos noites mais frias de inverno, quando ele se enfia debaixo dos lençóis - apesar da minha mamãe se fartar de dizer para eu não o deixar - e se encosta à minha barriga todo encolhido, cheio de frio. Depois, conforme aquece, estica-se todo, rebola e apoia a cabeça no meu braço. E, quando os meus amigos dizem que dormir com um gato é sinal de falta de homem, faço ouvidos marcador, porque vozes de burro não chegam ao céu. 

Há duas ou três noites atrás, andava às voltas na cama, há cerca de uma hora, sem conseguir dormir. Estava preocupada com a possibilidade de o meu pai perder o emprego. A minha mente não sossegava, sempre a mil à hora, e eu via os minutos a passarem e comecei também a pensar como é que ia acordar às 8h na manhã seguinte para ir para a faculdade. E de repente, percebi que me faltava algo. O Teco não estava a dormir comigo. O que raio andaria a aprontar aquele gato?

Levantei-me da cama e mesmo descalça, fui pé ante pé à procura dele. Encontrei-o debaixo da mesa da sala, os olhos bem abertos como se já soubesse que eu ia aparecer. O Tico dormia no sofá, já no seu sétimo sono. "Anda daí, mafarrico". Era o convite que o Teco estava à espera. Ao ouvir-me, levantou-se, espreguiçou-se, bocejou e deu pequenos passitos na minha direcção. Peguei-o ao colo e ele encostou a cabeça o meu ombro. Às vezes, tem atitudes, gestos, que mais parece um bebé grande, gordo e extremamente peludo do que um gato. Levei-o para o meu quarto e deitei-o no sítio do costume: lado esquerdo da cama, em cima de uma manta que comprei para ele não me encher o edredom de pêlos, ao lado das minhas pernas. Ele instalou-se logo, deitando-se confortavelmente. Apaguei a luz e ele encostou-se mais a mim. Não demorou 10 minutos até eu adormecer.

Portanto, estou mimada. Mal habituada. Viciada no meu companheiro de sono. E gosto.

3 comentário(s):

Jedi Master Atomic disse...

Tico e Teco? OH MY GOD !!! looool
Sempre gosto mais de Peste e Bolota :P

M. disse...

Peste e Bolota? Bleee! Tico e Teco é como os esquilos da Disney :P e é favor não gozar ou a mini fica chateada! lol

sasha disse...

tico e teco, que nomes mais engraçados!
adorava ter esse gato, por muito chato que às vezes se torna-se..